segunda-feira, 28 de abril de 2008

Comoção Dirigida

Então, ao assistir televisão você recebe a notícia de que uma criança foi jogada pela janela caiu seis andares e morreu. Noutro dia fica sabendo que o pai e a madrasta são suspeitos: "Que monstros, nem esboçam reação!". Agora o telejornal mostra toda a cronologia do crime e o fato vira prioridade nacional... O Caso Isabella. Vovós, mamães e papais de todo o país comentam. É assunto para depois do almoço, durante o trabalho e após o jantar.

Brutalidade e frieza!!!
O que mais impressiona é que uma criança de 5 anos é inofensiva e confia cegamente em seus protetores.

A comoção é intensa e generalizada.

Também me emocionei, mas não pude deixar de questionar.

Lembram-se do João Hélio?
Não?
Ah, claro que lembram. Ó vou ajudar.

É aquele garotinho que, após um assalto, ficou pendurado no carro pelo cinto de segurança e foi arrastado por quarteirões. Não suportou os ferimentos e morreu. Também causou comoção mas nem foi tanta assim, afinal o Brasil estava em festa, era Carnaval 2007.

Quantas crianças como o João Helio perderam a vida em situação semelhante durante o ano passado?
Provavelmente algumas centenas e nem por isso houve comoção nacional.

O que incomoda é o direcionamento.

Vamos... mexa-se... fique insatisfeito(a), critique e comova-se...
Mas com tudo, não apenas com o que mostra na televisão.

2 comentários:

Lomyne disse...

Tá precisando passar um espanador. E acredite, pode ser pior, este pode ser o assunto DURANTE o almoço...

Márcia Engel disse...

O que me impressionou nesse caso é como a sociedade usa dois pesos e duas medidas em casos semelhantes. Como você mesmo disse, existem muitos casos de crianças sofrendo abusos, sendo vítimas de violência todos os dias. Mas quando acontece com uma criança de classe média-alta, no meio da mesma classe, as pessoas parecem se sensibilizar mais. Não é uma criança no meio de uma favela, é aquela menininha linda, numa vizinhança que podia ser a sua. Acho que foi isso que a imprensa viu também, a proximidade com o público alvo.
É um caso terrível, como são todos os casos de violência contra crianças. Mas o modo como a mídia explorou isso chega a ser vergonhoso.
Beijo, e prometo vir te ler mais vezes, então vê se aparece =)