Mais um ensolarado sábado de sol e lá estava eu na rodoviária prestes a viajar para Teresópolis.
Sabe, visito minha mãe e minha namorada nos finais de semana.
Comprei minha passagem, 100g de balas toffler, uma coca ZERO (para não engordar, lógico) e andei a passos apressados até o local de embarque. Abri a coca, peguei o saco de balas e comecei a observar o movimento. Tudo normal, pessoas indo e vindo naquele corre-corre cotidiano de uma rodoviária. O ônibus chegou e fui para a fila do embarque.
O motorista conferiu a passagem e entrei. Haviam 4 pessoas dificultando a passagem {Esbarra-passa-esbarra-passa} cheguei até minha poltrona e coloquei a bagagem na parte de cima. Pronto, agora é só esperar por mais uma tranquila e curta viagem...
Olhei pela janela e vi uma família, das grandes, na fila para entrar no ônibus. Até então tudo normal se não fosse pela presença de quatro sacos enormes de Skinny e dois isopores que, em uma primeira olhada, pensei não passariam pela porta do ônibus.
[Mãe] Vãm bóra Édinélson... Márilúúúci anda! Vem logo... to ficando apérriada.
[Edinelson] Mãe... eu qué coca! {corre-pra-lá}{corre-prá-cá}{corre-pra-lá}{corre-prá-cá}
[Mãe] Vem Édnélson depois ti dô a coca.
[Edinelson] Eu qué coca!
[Mãe] Veeemmm ô tu vai tomá uma tápa!
[Edinelson] Eu qué cóóóóca...
[Mãe] Veemmmm muléqui. {tapa-na-moleira} {tapa-na-moleira} {tapa-na-moleira}
[Edinelson] Ááááiiii!!!
[Mãe] Sobe, vai.
[Mariluci] He-he... Bem-feito cabeçudo.
[Mãe] Tu também... {pedala-robinho} {pedala-robinho}
[Mariluci] Ááááiii! Eu num fiz é nada...
[Mãe] Tu riu... quieta e me espéra lá dentro.
[Eu] {Eita... o que será que acontece?}
[Mãe] Ô Jéééldson... Qual qui é? Ondé qui a gente sêênta?
[Jéldson] É lá na rábêra do cóletivo. Da trinta e quatro pra tráis... qualqué uma. Ô Eriomar, me ajuda a carregar aqui ô peste tá pesado o isopô.
[Eu] Putz a minha é a trinta e cinco. Lá se foi a minha soneca.
[Jéldson] Eita jégue lento sô... Que qui tem aqui dêntro, tu trôce a géladeira no isopô é?
[Eriomar] É só umas bebida rapáiz... Mãe, guarda dois banco pra Rosilene e Réldson.
[Eu] Hã??? Guardar banco? Tem o número do banco na passagem... ai ai...
[Rosilene] Ámôr, mi dá o Árthur aqui.
[Réldson] Tôma, pega ele. Sóbi q vô cólocá as bolsa no bagagêro.
[Arthur] {come-skinny}{come-skinny}{come-skinny}
[Rosilene] Arthur, filho. Ólha sóóóó... sujô a cára tôda. {limpa-Arthur-limpa-Arthur}
[Arthur] {come-skinny}{come-skinny}{come-skinny}
[Dona Maria] Eu vô senta aqui do lado desse môço simpático.
[Eu] he-he-he Fique a vontade. {Acho que ela me chamou de feio por tabela.}
[Réldson] Ô Rósilene!? Cadê tu?
[Eu] {Putz precisa gritar? É só olhar, afinal todos já viram vcs.}
[Rosilene] Eu... Aqui!!! Tá todo mundo séntado. {limpa-Arthur-limpa-Arthur}
[Edinelson] Mããããeee... dá cóca!
[Mãe] Aieee. Jéldson abre logo o isopô e dá uma coca prêsse muléqui.
[Eu] {Caramba que escarcéu. Esse ônibus tá parecendo um viveiro de araras com fome.}
[Eriomar] Ágóra eu vô é bébê minha cachaça!
[Eu] {Caramba se esse cara beber ninguém dorme mais nesse ônibus.}
[Eriomar] Jélsdon! Liga aí!!
[Eu] {Ligar o que?}
Vai CALIPSOOOOO!!!
Fãrãrã-rã-rãm - Fãrãrã-rã-rãm - Fãrãrã-rã-rãm
Porque chora assimmmm?
No jogo do amorrrr eu não fui desleaaaallllll.
Você jogou trapááceou fazendo malllll.
E me deixou a beiiiira de um
abismoooo.
Foi égóismo seeeeuuuu...
E agóra chóraaaaa!!!
Me diz
que quer voltar de qualquer jeituuuuu
Se esquéci qui aqui dentro do meu
peiiituuu
Existem marcass du seu abandôôno...
Que tira o sônuuu...
[Eu] {Ahhh não... escutar esse treco por uma hora e meia não vai dar} Hei amigo!
[Jéldson] Oi!
[Eu] Você não vai ficar com esse rádio ligado, vai?
[Jéldson] Nã-não, pode dórmir sussegado aí.
[Eu] Valeu obrigado!
Na verdade eu já tinha desistido de dormir havia muito tempo. Nada contra a alegria desse pessoal todo afinal estava até divertido, mas forró-calipso e música sertaneja em ritmo de forró não dá. Nem a pau.
Todos entraram e se acomodaram em meio aquela barulhada toda. A viagem de ônibus Rio-Teresópolis dura cerca de uma hora e meia e normalmente as pessoas vão dormindo, lendo ou escutando música num ÊmePêTrês. O ônibus seguiu viagem. Eu estava tranquilão com a cabeça longe dali mas aquela gritaria toda começou a mexer com os nervos dos passageiros.
[Eriomar] Jéldson! Liga aí! Ninguém aqui é dóno do ônibus não!
[Jéldson] Psssttt! {falando baixinho} Arruma cónfusão não.
...Blá blá blá...
[Eriomar] Eita cálor... vô abrí a jânela. ... ... Ué? cádê o treco qui puxa a jânela.
[Jéldson] Esse ónibus abri jânela não!
[Eriomar] Úia rapáiz! E si Marilúci passá mal? Ela sempre pássa mal...
[Arthur] Snif... snif... buááááá.
[Mãe] Qué qui fôi aí Rosilêne.
[Rosilene] {limpa-Arthur-limpa-Arthur} Nada! Vai filho pode andá no corredor.
[Eu] {Essa criança vai se machucar.}
[Athur] {Corre-grita-e-ri} {Corre-grita-e-ri} {Corre-grita-e-ri}
[Mariluci] Mãããee. Tô passânu malll.
[Eu] {Ai caramba... é agora!}
[Mãe] Tá nada... pára di frescura.
[Mariluci] {BUUUURRRRPPP!!}
[Eu] Hummmpf! Écaa... fedeu feio!
[Eriomar] É melhó corrê cum ela.
[Athur] {Corre-grita-e-ri} {Corre-grita-e-ri} {Corre-grita-e-ri}
[Mãe] Vem, vâmu nu banheiro.
[Mariluci] {BUUUUUURRRRRRRRRPPPPPPPPPPPPPP!!}
[Eriomar] Córre... córre qui a coisa vai ficá vêrde... ha-ha-ha-ha
[Mãe & Mariluci] {Corre-pro-banheiro-segurando-a-boca} Segura isso aí! Sai da frente Arthur!
[Eu] Ufa!!! Deu tempo. Caramba, que fedor! Infestou o ônibus.
{SCCCCRÍÍÍÍÍÍ}
[Eriomar] Óia a freiada!!!
[Arthur] {Cataploft-cambote-rodopeia-Pimba!!!} Buuuuáááááááááá!!!
[Rosilene] Ááááiiii Arthur!!! Meu filho!
[Jéldson] Ha-ha-ha-ha!!! Num guentô o peso da cabeça!
[Rosilene] Calaboca abestado!
[Réldson] Ô quérido... vem cá vem.
[Arthur] Buuuuáááááááááá!!! Cabeça dói! Buuuuáááááááááá!!!
[Réldson] Aqui ó papai bêja pra sará!
[Rosilene] Essi mótorista é um lôco... Vô lá reclamá cum êle!
[Réldson] Vai é nada! Senta i sussega!
[Arthur] Snif... snif...
[Eriomar] Ólha!!! Tem umas vaca lá fóra! Amigaaaassss!!!! IÁÁÁÁÁÁUUUUUU!!!
[Eu] ???? Vacas?
[Eriomar] Rãmmm simbóra!!! IIIAUUUUUU!!!!! Jéldson, liga u sôm!
{SCCCCRÍÍÍÍÍÍ}
[Eriomar] ÓÓia a freiada di volta!!!
[Edinelson] {Plóft} Áááiii.
[Jéldson] Há-há-há... O Edinelsô esprémeu o saco de skinny com a cabeça.
[Mãe] Edinéééélsonn olha a meleca qui tu fêiz.
[Rosilene] Ahhhh chega... vô lá falar com o mótorista.
[Eu] {Essa eu quero ver} he-he-he.
A situação estava fora de controle. Então um senhor de sombrancelhas prateadas, barba bem aparada, vestindo paletó branco e chapéu Panamá, levantou rapidamente de sua poltrona e disse:
[Senhor Panamá] Agora chega! Chega de bagunça!
[Eu] {Ha-ha-ha}
[Senhor Panamá] Eu sou juiz da não-sei-das-quantas vara de não-lembro-onde. Acabou a bagunça. Não quero mais ouvir um pio. Se algum de vocês abrir a boca eu mando prender todo mundo quando chegar em Teresópolis! Que coisa! Que falta de respeito com os outros passageiros! Nem mais um pio. Entenderam?!
[Eu] {He-he-he}
O Eriomar calou a boca, o Jéldson ficou com cara de taxo e a Rosilene ficou calminha de repente. O Edinelson e a Mãe limparam o bando de farelo de skinny que estava esparramado pelos bancos. A Mariluci contiuou verde de enjoo e o Arthur ficou sentado quietinho no colo da mãe.
Então a viagem prosseguiu no mais absoluto silêncio até o destino. Alguns leram, outros ouviram música e outros dormiram, inclusive eu.
P.S.: Sim gente! Um viveiro de araras com fome faz muito barulho! Muito mesmo!
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Um comentário:
Que merda, hein???
Só pra constar, adorei as onomatopéias...
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